21/12/2008
Mariana Guerin
Reportagem Local

Crianças desenham a paz

 Campanha premiou as melhores ilustrações de alunos do ensino fundamental sobre desarmamento

Carregando uma flor no bico, por um céu azul, a pomba ilustra a paz. O cenário rendeu ao estudante Gabriel Barros Genez, de 9 anos, o prêmio de melhor desenho entre os alunos de terceira e quarta séries do ensino fundamental de duas escolas particulares que participaram do programa Natal de Paz, organizado pela ONG Londrina Pazeando, em parceria com a Polícia Federal e o Conselho Municipal de Cultura e Paz de Londrina (Compaz). 

Ontem pela manhã, as 21 crianças que assistiram as oficinas do programa, no mês de novembro, participaram de uma cerimônia na Biblioteca Municipal. Elas receberam kits-escola, com agenda e estojos com canetinhas coloridas, lápis, borracha e apontador. Todas elas produziram desenhos baseados nas palestras que trataram de temas como a cultura da não-violência e o desarmamento: três desenhos foram eleitos os melhores e os alunos ganharam, além do kit-escola, um jogo eletrônico. Além de Gabriel, Flávia Napoli e Ana Carolina Bressam foram premiados nas categorias cinco e seis anos e primeira e segunda séries, respectivamente.

''Busquei desenhar a mensagem do Londrina Pazeando, que fala de paz, amizade e desarmamento'', justificou Gabriel, dizendo que achou ''legal'' participar das oficinas. ''Eles ensinaram sobre paz, desarmamento. Eu já sabia tudo, mas aprendi mais e dividi o que aprendi em casa. Daí consegui mais idéias para o desenho'', completou o estudante.

Segundo a mãe do aluno, Judith Genez, sensibilidade sobra na personalidade de Gabriel. ''Ele já tinha conhecimento sobre cultura de paz já que nossa família sempre priorizou o amor e a união, mas com as oficinas ele amadureceu'', confessou Judith, contando que a iniciativa de participar do concurso de desenhos partiu do próprio filho. ''Ele gosta de desenhar e foi muito criativo, conseguiu expressar a paz e o amor no desenho, principalmente na pombinha com a flor no bico.''

Conforme Marta Matsubara, coordenadora do Natal de Paz, o programa nasceu em novembro, a partir de um fórum sobre segurança pública e desarmamento realizado na Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil). Depois de contatar as escolas particulares, foram realizadas três oficinas com as crianças, aos sábados, quando foram discutidos os temas da campanha pela paz e pelo desarmamento da população.

Para ilustrar o que aprenderam nas palestras, os estudantes desenharam suas percepções sobre os temas e os melhores trabalhos foram premiados. ''A idéia é estender o programa para outras escolas particulares e também para as públicas no ano que vem'', assinalou Marta.

 Em Londrina, PF já recebeu 800 armas

Ontem, agentes da Polícia Federal (PF) apresentaram um balanço parcial da Campanha do Desarmamento em Londrina e região. De acordo com o agente Edivaldo Felix dos Santos, a delegacia da PF já recebeu entre 800 e 900 armas desde o início do ano, 600 só entre os meses de setembro e dezembro. A expectativa é completar 1,2 mil armas até o dia 31 de dezembro, quando termina a campanha nacional. 

''A campanha é dinâmica, e as entregas e os pedidos de renovação de registros só aumentaraao e só aumentaram'', comentou Santos, informando que só neste ano já foram realizados mais de 2 mil registros e a meta é alcançar 3 mil pedidos de renovação até o fim da campanha. A partir do ano que vem, as armas não reigstradas estarão irregulares e o proprietário terá de pagar R$ 60 por unidade para fazer a regularização.

A Polícia Federal tinha a previsão de recolher as armas em 11 municípios da região, mas dois ficaram de fora em função da grande demanda de serviço em Londrina. Pelo menos cem pessoas por dia estão buscando a sede da PF para solicitar registro, transferência e renovação do registro das armas. Segundo Santos, são recolhidas diariamente cerca de 150 armas, com destaque para revólveres calibre 38 e carabinas. ''Tem também muita pistola e, surpreendentemente, muita garrucha, além armas artesanais.'' Pela entrega, o dono da arma recebe uma quantia em dinheiro, que pode variar entre R$ 100 e R$ 300, dependendo do calibre. (M.G.)