Home Reportagens

folha de londrina 1

26/06/2007
Ana Paula Nascimento
Reportagem Local

RESPONSABILIDADE SOCIAL - Incentivando as ações pela PAZ

Interesse dos professores de diversos colégios é estabelecer um trabalho de conscientização e despertar um sentimento de solidariedade entre os estudantes

folha de londrina 26062007 1

Paz interior, paz social e paz ambiental. Com essas três vertentes há seis anos a ONG Londrina Pazeando vem semeando a idéia da importância da cultura de paz. Mais do que atitudes pontuais, a proposta é realmente sedimentar uma consciência pacifista nas ações do cotidiano a partir da infância. Algumas escolas de Londrina abraçaram essa idéia e vêm colhendo bons frutos.

Uma dessas escolas é o Colégio Estadual João Sampaio, na Vila Yara (Zona Leste). Há dois anos a instituição vem intensificando as ações de cultura de paz. ''Trabalhamos de forma abrangente e buscamos alinhavar essa idéia em todo o nosso planejamento pedagógico'', explicou a pedagoga Fabiana Mori. ''Todos os conflitos recebem uma atenção especial dos professores a ponto deles terem a liberdade de interromper a aula para intervir na necessidade que o aluno está apresentando. Eles sabem que um outro aprendizadomais urgente está sendo requerido nesse momento'', acrescentou.

folha de londrina 26062007 2

 A aula de artes também trabalha com criatividade a abordagem da paz. Coordenado pela artista plástica Suely de Portez, na atividade artística com pigmentação natural ou orgânica uma lição de que é possível utilizar folhas, flores, terra e pó de café para pintar, aproveitando assim os recursos naturais e colaborando pela paz ambiental.


folha de londrina 26062007 3O resultado encanta os alunos que se surpreendem com a variação de tons que pode ser atingida quase que brincando. A questão do preconceito também foi trabalhada na produção de máscaras africanas para a exposição ''Africanidades'', realizada pela escola na semana passada. Conhecendo as expressões culturais de um povo que tantas influências deixou no Brasil, uma forma de reconhecer e valorizar as diferenças que se assemelham.

A consciência cidadã também está sendo trabalhada pela professora Josy Neves Lucas, da área de história e sociologia. Ela é responsável por um trabalho de conscientização ambiental junto com os alunos do segundo ano do Ensino Médio. Foram confeccionados cartazes educativos abordando temas como aquecimento global, aproveitamento da água e destino correto do lixo eletrônico.

Na próxima quinta-feira, a partir das 8h30, os alunos vão sair pelos bairros visitando os moradores de porta em porta para conscientizá-los sobre essas questões. No segundo semestre, também darão início a um trabalho solidário em uma creche do bairro e em um asilo. ''O nosso interesse é despertar nos alunos um sentimento de solidariedade, de responsabilidade social, que percebam que eles têm um compromisso com a sociedade enquanto indivíduos sociais'', destacou Josy.

Na aula de português do professor Cláudio de Assis a paz também ganhou espaço. Com a leitura do texto ''O herói do dia-a-dia'', os alunos do sexto ano do Ensino Fundamental foram estimulados a perceber que os pais são os verdadeiros super-heróis. A partir de um trabalho de percepção das próprias dificuldades familiares e financeiras, as crianças elaboraram histórias em quadrinhos com personagens que lutam pelo bem. A professora Marta Aparecida Batini Herek, também de Português, também valoriza essa idéia em suas aulas: ''O verdadeiro educador, além do conteúdo, visa passar para os alunos os valores de uma pessoa de paz, pois estamos preparando-os para serem felizes e autônomos na vida''.

 

folha de londrina 1

26/06/2007
Folha 2

Escola promove campanha pelo desarmamento

Na Escola Interativa, as ações de paz também merecem destaque no cotidiano escolar. Apoiados desde 2002 na proposta da ONG Londrina Pazeando, a instituição se dedica a elaborar ações pela paz. Uma das atividades mais contundentes foi a campanha que liderou pelo desarmamento.

Para isso as crianças foram estimuladas e levarem até a escola brinquedos violentos e armas plásticas de brinquedo. Com o derretimento desse material, foram confeccionadas três esculturas com referência à pomba da paz. 

Desde o ano passado, a escola lançou a campanha ''Interativa pela Paz Verde'' e vem intensificando os trabalhos de iniciação científica na área de sustentabilidade do meio ambiente. Para este ano, o tema gerador está sendo ''Ação local para o não aquecimento global'' e uma série de atividades sobre conscientização ambiental da comunidade está sendo organizada pelos alunos. 

A paz ambiental também entrou no programa das aulas de artes. Aproveitando troncos de árvores, folhas e sementes os alunos fizeram belos trabalhos artísticos, aprendendo a partir da observação da natureza que muita coisa pode ser reaproveitada.

A iniciativa até resultou em elogios por parte do renomado artista plástico Frans Krajcberg, que ganhou notoriedade internacional pelo seu trabalho artístico feito a partir de destroços naturais da Amazônia. Um trabalho de forte impacto e denúncia social. 

Segundo o orientador educacional Robson de Oliveira o trabalho pedagógico para o desenvolvimento de uma cultura de paz vem favorecendo a convivência entre os alunos. ''O nível de agressão entre eles está bem reduzido e conseguimos promover um clima de maior afetividade. Com esse trabalho sistemático, o conceito de disciplina também foi modificado e os professores percebem que não precisam ser autoritários para conquistarem a atenção dos alunos'', ressaltou Oliveira. 

A aluna Júlia Raimunda de Carvalho, 14 anos, destacou a iniciativa da sua escola em promover ações de paz. ''Na aula de artes, quando tivemos que confeccionar os trabalhos a partir de troncos e sementes, relacionei a paz ambiental com respeito à natureza e aprendi que muitas coisas podem ser reaproveitadas'', disse.

Sobre a campanha que a escola fez pelo desarmamento, ela contou que conseguiu convencer o irmão menor sobre a má influência desses materiais e ele acabou concordando que os brinquedos violentos fossem derretidos. ''No fim, toda a minha família se conscientizou disso'', acrescentou a aluna, que desde o sexto ano do Ensino Fundamental vem se dedicando a um projeto sobre a preservação da água.

Sua colega Giulia Ferreira Mayrink Giansante, 13 anos, também aprovou a forma da escola trabalhar a temática da paz: ''Se todos fizessem dessa maneira, teríamos uma consciência muito maior sobre a importância da paz. No caso do desarmamento, o meu irmão também autorizou a destruição dos seus brinquedos violentos e aprendeu a não brincar mais com isso''.(A.P.N.)

 

folha de londrina 1

26/06/2007
Folha 2

Ativista toma iniciativa de pedir livros para as escolas

Engajado com as ações pacifistas, o presidente da ONG Londrina Pazeando Luis Claudio Galhardi deu mais um passo na contribuição para uma consciência de paz. Por iniciativa própria entrou em contato com o Instituto Eco Futuro e inscreveu todas as escolas públicas e particulares de Londrina para receberem gratuitamente o livro ''A vida que a gente quer depende do que a gente faz - propostas de sustentabilidade para o planeta''. 

O instituto, que neste ano está organizando o concurso nacional de redação ''O melhor lugar do mundo'', editou 35 mil exemplares do material que pode servir de uma rica fonte de pesquisa para as escolas quando a temática é a paz. O prazo de inscrição para o concurso foi prorrogado até 30 de agosto devido a atrasos na entrega do livro em algumas escolas londrinenses.

Com alto padrão gráfico, o livro traz textos variados de autores consagrados. As idéias apontadas estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio elaborados em 2000 por 191 países pertencentes à ONU, que deverão ser atingidos até 2015.

Os objetivos são: 1) acabar com a fome e a miséria; 2) educação básica de qualidade para todos; 3) igualdade entre sexos e valorização da mulher; 4) reduzir a mortalidade infantil; 5) melhorar a saúde das gestantes; 6) combater a Aids, a malária e outras doenças; 7) qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e 8) todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.

Galhardi também está integrando o projeto de responsabilidade social ''Nós podemos Paraná'', da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que desde o ano passado vem realizando reuniões com lideranças de 17 cidades paranaenses para a elaboração de propostas que consigam antecipar para 2010, no Paraná, a conquista dos objetivos do milênio da ONU.

A primeira reunião em Londrina sobre o assunto será no dia 5 de julho. ''A nossa intenção é que as escolas de Londrina usem intensamente esse material que está afinado com os objetivos da ONG e da ONU. Ele é rico em dicas, fontes de referência e mistura textos de alunos com o de especialistas. Precisamos combater essa idéia de que somos impotentes perante as grandes transformações. Todas elas um dia dependeram de atitudes pequenas de cada um de nós'', argumentou Galhardi, que também está organizando palestras em escolas sobre o assunto.

Mais informações pelo site www.omelhorlugardomundo.org.br e pelo 0800-772-0099. Agendamento de palestras com Galhardi pelo telefone (43) 9996-1283.