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10/09/2005
Simoni Saris
CIDADES | PELA PAZ

Movimento defende desarmamento PELA PAZ

No dia 23 de outubro acontece o referendo para que os brasileiros decidam se a comercialização de armas deve continuar ou não no País. Para conscientizar a população sobre a questão do desarmamento, a sociedade civil começa a se organizar em grupos que discutem os caminhos de se levar informação ao maior número de pessoas possível. Um deles é o movimento “Mulheres pela Paz”, que congrega entidades que desenvolve atividades direcionadas ao público feminino.

A iniciativa é do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, que integra a coordenação do movimento, mas a idéia é deixar a condução dos trabalhos com a sociedade civil organizada. “O conselho apenas integra o movimento, mas entendemos que esse é um trabalho para a sociedade civil”, afirmou a secretária municipal da Mulher e presidente do conselho, Maria José Barbosa.

No referendo, a nação terá de responder sim ou não à pergunta: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”. A proibição está prevista no Estatuto do Desarmamento, mas só entrará em vigor com a aprovação popular.

O movimento “Mulheres pela Paz” é declaradamente favorável ao desarmamento, mas a secretária ressaltou que as primeiras reuniões deverão basear-se em números. “Mesmo as mulheres que sabem da campanha do desarmamento não têm dados e não conhecem as experiências de outros países que já proibiram a venda de armas”, disse Maria José. “Essa é uma questão que não deve ser resolvida só pelos políticos. Além de as mulheres constituírem mais de 50% do eleitorado, elas são grandes multiplicadoras de opinião”, frisou.

Pazeando

Para municiar o movimento com dados e estatísticas, foi convocada a participação da Organização Não-Governamental Londrina Pazeando. O presidente da ONG e membro do Comitê Londrinense para o Desarmamento, Luiz Cláudio Galhardi, tem os números da violência na ponta da língua. Em 2004, 38 mil brasileiros morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas de fogo. A cada 15 minutos, uma pessoa morre baleada no País. Números que colocam o Brasil em segundo lugar na lista dos que mais registram mortes por armas de fogo no mundo, de acordo com a Unesco. Em primeiro lugar está a Venezuela. “Esses números não chegam aos brasileiros”, protestou Galhardi.

Ele lembrou a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo a qual 80% dos brasileiros são favoráveis ao desarmamento, mas esse percentual pode abaixar ou aumentar com o início da propaganda eleitoral gratuita. “Nossa expectativa é que cresça o número de brasileiros favoráveis ao desarmamento. Não somos contra quem pensa diferente, mas somos favoráveis à paz”, salientou o presidente da ONG.

Desde o dia 1º de agosto está liberada a exposição pública de opiniões favoráveis e contrárias ao desarmamento e, a partir do próximo dia 23, terá início a propaganda gratuita no rádio e na televisão. A propaganda termina no dia 20 de outubro. O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, pessoas com mais de 70 anos e com idade entre 16 e 18 anos.