FONTE:  Folha de Londrina http://www.folhadelondrina.com.br/?id_folha=2-1--1383-20160616&tit=filantropia+online

Filantropia on-line

Proposta de plataforma digital que acaba de ser lançada em Londrina é encurtar o caminho que leva doadores até as instituições beneficentes

A vontade de contribuir financeiramente com uma instituição filantrópica muitas vezes esbarra no receio de que o dinheiro não chegue ao seu destino final. A dificuldade das entidades em dar transparência à utilização dos recursos arrecadados e a desconfiança de quem doa acabam reduzindo o volume de doações. Uma plataforma digital que acaba de ser lançada em Londrina promete encurtar o caminho que leva os doadores até as instituições beneficentes e, assim, aumentar a angariação de receitas.

A Retornar funciona como um site de compra e venda, mas todo o dinheiro obtido com o comércio on-line de produtos e serviços é encaminhado às entidades cadastradas previamente e escolhidas pelo doador. No site, quem quer ajudar uma instituição pode colocar à venda produtos que não deseja mais, como roupas, sapatos, móveis e eletrodomésticos. O vendedor escolhe quem quer ajudar e quando o item é vendido, o dinheiro cai diretamente na conta da instituição. "A intenção é fazer com que as instituições do terceiro setor, sem fins lucrativos, possam aumentar as doações de pessoas físicas e jurídicas", explicou um dos fundadores da empresa, Luiz Fernando Pimentel Mussi.

Para se cadastrar, a instituição fornece todas as informações, como CNPJ, razão social, dados para contato e dados bancários. A Retornar confere a veracidade das informações e aprova o cadastro. Vendedores e compradores também devem preencher um cadastro. Além de objetos, também é possível comercializar serviços. Um salão de beleza pode doar dez cortes de cabelo, um personal trainer pode disponibilizar horas-aula e um advogado pode oferecer honorários a preços mais em conta para quem acessar o site.

Os prestadores de serviço escolhem as entidades que desejam beneficiar. A adesão ao serviço é gratuita e a Retornar fica com 10% sobre cada transação feita no site. Os 90% restantes são repassados integralmente ao beneficiário. As compras podem ser pagas por boleto bancário ou cartão de crédito.

O serviço entrou em funcionamento no início do ano e, segundo Mussi, atualmente há cerca de 20 entidades cadastradas. Nos primeiros meses de funcionamento, já foram arrecadados R$ 50 mil em doações. "As entidades têm todo o controle de quanto vão receber, quem vai doar e quando. Toda a gestão das doações é feita pela entidade por meio da plataforma. Os doadores também podem acompanhar todo o processo. É tudo muito transparente. É uma ferramenta que pode aumentar, e muito, as doações às instituições", afirmou o fundador da empresa.

ALCANCE

A ONG Viver, que oferece assistência a crianças e adolescentes com câncer, é uma das empresas cadastradas na Retornar. Uma das fundadoras e voluntárias da ONG, Dorian Rocha Guerra ficou animada com a ajuda obtida por meio da ferramenta digital. "Fizemos uma campanha para comprar uma prótese para um paciente em tratamento no Hospital do Câncer e, rapidamente, conseguimos o dinheiro. A campanha não foi feita apenas no site, mas o site deu bastante visibilidade. Teve até gente do exterior querendo contribuir. O alcance dessa ferramenta é muito grande", avaliou.

O site, disse Dorian, também facilitou a divulgação dos resultados das campanhas promovidas pela ONG. "As pessoas que doam querem ter um retorno sobre a campanha e a ferramenta funciona para nós como um site onde a gente pode mostrar os resultados."

Responsável pelo setor de Projetos da Fundação Exclusiva Educativa, de Curitiba, Camila Vila Franca destaca a possibilidade de vender pela Retornar convites de promoções organizadas para levantar fundos para a instituição, que presta apoio a crianças e adolescentes carentes. "É mais fácil receber doações por esse site. As instituições têm boa vontade, mas não têm recursos para fazer um site. A ferramenta facilita muito." Segundo Camila, desde que a fundação cadastrou-se no site, as doações cresceram entre 30% e 40%.