Todas as crianças adoram brincar, mas, às vezes, as brincadeiras se tornam muito competitivas e agressivas e acabam gerando conflitos entre os pequenos, principalmente na hora do recreio.
Pensando no bem-estar dos alunos e com o objetivo de aproveitar com mais qualidade o tempo de recreação, a Escola Vagalume vem desenvolvendo desde maio o projeto ''Recreio Monitorado'', em que participam alunos de 1 à 4 série do ensino fundamental. O projeto também está interligado à idéia do desenvolvimento de atividades que beneficiem o conceito de paz no ambiente e no relacionamento entre os alunos.
Toda semana, uma turma se responsabiliza em ir nas salas de aula antes do recreio para levar até os alunos saquinhos com pulseiras coloridas que representam os tipos de brincadeiras que estão sendo disponibilizadas naquele período - definição essa que contou com a colaboração dos alunos. Um quadro com a brincadeira que cada pulseira representa é mostrado para os alunos antes que cada um faça a sua escolha, que poderá ser posteriormente trocada
na hora do recreio, desde que seja com o consentimento de outro colega que irá participar da troca.
A turma responsável por essa tarefa também tem a obrigação de arrumar os brinquedos no pátio da escola e recolhê-los ao término do recreio. Outro fator interessante é que com essa forma de organizar o recreio, os alunos brincam com crianças que saem do seu círculo restrito de amigos e que são de séries diferenciadas, abrindo a possibilidade de melhor convivência através da tolerância. Se a criança que divide a brincadeira é menor, encontra-se aí uma boa oportunidade de também ensiná-la a brincar.
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Fotos: César Augusto
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''Antes do projeto, havia muita confusão na hora do recreio. As crianças se machucavam com frequência, escolhiam brincadeiras muito agitadas e não respeitavam as regras das brincadeiras. Agora, elas estão mais tranquilas, agem com mais responsabilidade e sabem aproveitar mais esse tempo'', explicou a psicopedagoga e responsável pela coordenação da escola, Flávia Cintra Crusiol.
O limite também é trabalhado durante as atividades. A criança que não sabe respeitar as regras das brincadeiras fica de fora. Quando as crianças começam a se desinteressar por uma brincadeira ou não respeitam as regras, a atividade é substituída.
''No início do projeto, uma das atividades que elas mais gostavam era brincar de ''ameba'', um tipo de pega-pega misturado com bola queimada, mas como estavam jogando a bola com muita força nos colegas, decidimos não disponibilizá-la por um tempo'', afirmou Flávia.
A aluna Karina Guimarães Silva, 10 anos, aprovou a novidade do recreio monitorado: ''Antes era chato, porque tinha muita confusão. A brincadeira que mais gosto é de elástico e acho legal brincar com crianças de outras séries'', comentou.
Lucas Macri de Souza, 9 anos, também é fã da nova modalidade de recreio. Com a aluna Karina, gosta muito de brincar de elástico, mas sente falta de jogar ''ameba''. ''Com o recreio monitorado, tem menos confusão, mas não estávamos respeitando as regras do jogo de 'ameba' e agora não podemos jogar mais. Temos que ser mais obedientes'', declarou. Atualmente, as atividades incluem jogos de dama, dominó, trilha, tangran (quebra-cabeça de origem chinesa) e elástico.
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Fotos: César Augusto
‘Recreio Monitorado’, na Escola Vagalume: brincadeiras que favorecem a harmonização do ambiente através do bom relacionamento entre os alunos
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E foi pensando no potencial dos jogos como promotores da paz, que o presidente da ONG Londrina Pazeando, Luis Cláudio Galhardi, desenvolveu um jogo de cartas inédito no Brasil. Com um jeito de jogar similar ao Supertrunfo, o seu jogo tem a proposta pedagógica de educação para a paz. Há três eixos no jogo de cartas: biografia de pacifistas - como Madre Tereza de Calcutá, Jesus Cristo e Gandhi; conceitos referentes à cultura de paz - como a diferença entre força e violência - e propostas que a ONG vem realizando em Londrina.
Vence o jogo quem terminar com o maior número de cartas, mas uma regra básica é que o vencedor, no final, agradeça os colegas pela oportunidade de jogar e vencer a partida, pois tem consciência de que isso não seria possível se estivesse sozinho. ''A regra número 10 do jogo também é fundamental, pois afirma que todos terão vencido a partida se tiverem cooperado para resolver os pequenos conflitos'', destacou Galhardi.
O criador da brincadeira também ressaltou que o método do jogo é fácil e bastante conhecido pelas crianças, mas que o diferencial é que ele também tem como objetivo que os pais e os educadores participem com as crianças. ''O desafio é que além de jogar, as crianças virem a carta e leiam a biografia do Gandhi, por exemplo, e para isso é preciso que os pais assumam o seu papel de educadores, questionem, e não deixem para a mídia essa função.''
O lançamento oficial do jogo foi no dia 5 de agosto e está sendo vendido em 12 pontos da cidade, que podem ser localizados no site www.londrinapazeando.org.br
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Luis Claudio Galhardi desenvolveu o Supertrunfo: proposta de educação pela paz
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