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em 22/fev/05 Glória Galembeck

 

Sou da Paz
Lideranças são orientadas sobre desarmamento
Objetivo é formar multiplicadores para aumentar entrega de armas

Diretores de escola, agentes de saúde, representantes de organizações não-governamentais (ONGs) e voluntários participaram ontem de treinamento para atuarem como multiplicadores na campanha do desarmamento. A atividade foi coordenada pelo Instituto Sou da Paz, de São Paulo, e teve a participação do delegado-chefe da Polícia Federal (PF), Sandro Viana, e do delegado-chefe da Polícia Civil, Jurandir Gonçalves André, além de policiais militares.
De acordo com a coordenadora do projeto Rede pelo Desarmamento, Beatriz Silva Cruz, o propósito deste evento é que as pessoas envolvidas transmitam informações sobre a campanha do desarmamento e divulguem os lugares em que a entrega de armas de fogo pode ser feita.
A coordenadora usou uma metáfora para explicar a importância da retirada de armas de circulação. “É como prevenir a dengue: para eliminar a doença, é preciso eliminar o vetor, que é o mosquito. Com as armas é a mesma coisa, existe a conscientização das pessoas pela não violência, mas é preciso desarmar a população”, observou.
Estatuto
O Estatuto do Desarmamento, que regulamenta a posse de armas de fogo no País, existe desde o final de 2003, e foi regulamentado em junho do ano passado. Desde então, portar arma de fogo fora de casa, mesmo que tenha registro, é crime inafiançável. A campanha pelo desarmamento veio em seguida e, para cada arma entregue, o proprietário recebe entre R$ 100 e R$ 300. Foram entregues no Brasil mais de 297 mil armas.
Segundo dados do instituto, existem 5,5 milhões de armas legais no Brasil. Entretanto, as estimativas do número total de armas em circulação vão de 8 milhões a 20 milhões. Mais da metade dos homicídios praticados no País (68,7%) foi provocada por arma de fogo.
Em sua palestra, Beatriz deu um exemplo do papel que o multiplicador pode ter no processo de desarmamento da população. Segundo levantamento realizado nos municípios de Diadema, Embú e Santana do Parnaíba (todos em São Paulo), 34,5% das armas recolhidas nessas cidades foram entregues por mulheres – 53,7% eram homens -, número considerado elevado. “Já recebi muitas ligações de mulheres que pedem orientação sobre como fazer para que seus maridos entreguem a arma, é surpreendente e muito positivo”, afirmou.
Segundo levantamento do Instituto Sou da Paz, a maioria das pessoas (75%) que entregaram seus revólveres, pistolas, fuzis, espingardas e garruchas foi motivada pelo receio de que a arma “caísse em mãos erradas”. O medo de provocar acidentes motivou e entrega em 42,5% dos casos.
Na avaliação do delegado Jurandir André, o trabalho como multiplicador não oferece risco às pessoas que desempenharem a função. “Não vai se envolver e nem entregar a arma. O multiplicador vai contribuir para a campanha, explicar como se faz a entrega”, afirmou. Denúncias anônimas sobre posse ilegal de arma podem ser feitas pelos telefones 197 e 181.
Londrina
A campanha do desarmamento na Cidade arrecadou, em menos de um ano, 3.024 unidades até a tarde ontem. As armas podem ser entregues na Polícia Civil, que recebe entre 3 e 4 armas por dia, e na Polícia Federal, onde chegam em média 3 unidades diariamente. O delegado Sandro Viana orienta que as entregas sejam feitas diretamente na Polícia Federal porque as armas remetidas para a Polícia Civil passam obrigatoriamente por lá.
Para transportar a arma até o local de entrega é necessário solicitar uma autorização junto à PF ou, segundo Viana, embalar o instrumento de modo a descaracterizar a intenção de usá-lo.
Glória Galembeck