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FONTE:  O POVO online CE  http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2015/07/27/noticiasjornalopiniao,3475023/a-paz-e-a-vida-em-apuros.shtml

DESARMAMENTO 27/07/2015

A paz e a vida em apuro

Já dizia o pacifista Mahatma Gandhi: “Olho por olho e dente por dente, a humanidade acabará cega e desdentada”. Vivemos tempos difíceis, mas precisamos ter a lucidez e a serenidade para não tornarmos as coisas ainda piores. Por isso, espero que nosso país seja poupado de um retrocesso sem precedentes para a paz: a revogação do Estatuto do Desarmamento. Ele não impõe desarmamento, apenas prevê o controle das armas no Brasil permitindo até que cidadãos tenham arma, cumprindo rígidos procedimentos legais, como avaliações periódicas de treinamento e que suas capacidades física e mental estejam 100%. Não por acaso, o nosso Estatuto é elogiado e copiado em 16 países.

É importante saber que este Estatuto foi uma conquista árdua da sociedade civil organizada e que, segundo o renomado Estudo do Mapa da Violência 2015, 160 mil vidas foram poupadas desde 2004. Se derrubarem o Estatuto, como propõe a PL 3722, o nosso país entraria na contramão da política internacional, que é de restringir ao máximo o uso das mesmas.

Sabemos que hoje as pessoas estão muito estressadas! Imagine o que poderia ocorrer em uma discussão de trânsito com um acesso mais fácil à arma de fogo! E em uma briga de bar? E nos desentendimentos entre marido e mulher? Algo que poderia acabar com um curativo ganharia grandes chances de terminar no cemitério. Ora, se a própria polícia recomenda que não se deve reagir a um assalto, por que essa luta insana da “bancada da bala” pelo porte de armas no Brasil? É, no mínimo, contraditório.

A arma de fogo foi concebida desde o século XV, com um objetivo: matar. Além de causar uma falsa sensação de segurança de quem a porta. Sem falar que o efeito surpresa é sempre do assaltante. Detalhe: um dos bens que ele mais valoriza em um assalto é a arma; o “instrumento de defesa” do cidadão migra para o crime.

Não é por acaso que a Unesco-Brasil afirma: “Quanto mais armas em circulação, mais mortes”. O maior interessado em armar a nossa população é a indústria armamentista. Por motivos óbvios; são bilhões de reais em jogo! A paz e a vida do brasileiro estão em sério perigo caso seja flexibilizado este Estatuto que controla e regulamenta as armas no Brasil. Um tiro que sairia pela culatra. Precisamos refletir e buscar inspiração nos grandes humanistas da história, como Gandhi, Martin Luther King Jr, John Lennon e o brasileiro Chico Mendes. Aliás, todos silenciados a bala. Enfraquecer o Estatuto do Desarmamento seria um retrocesso sem precedentes, uma volta à Idade Média, à barbárie. Um verdadeiro Deus nos acuda!

Luís Eduardo Girão legirao@hotmail.com
Produtor de cinema e membro do Movimento Vida em Paz