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Líderes religiosos se unem contra a intolerância
Da dificuldade de respeitar as diferenças nascem o preconceito, a discriminação e a intolerância. Quando a discussão sobre essas questões transfere-se para o campo religioso, as divergências parecem ficar ainda mais evidentes e as demonstrações de ódio, mais frequentes. Para quebrar essa corrente, um dos caminhos mais eficazes é a educação baseada na aceitação das diferenças, das escolhas e das crenças do outro. Neste sábado (21), quando se comemora o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, um evento propõe uma reflexão sobre a importância do respeito, unindo lideranças de várias correntes religiosas.
A 2ª Londrina Religiões Unidas pela Paz e em Prol da Tolerância Religiosa acontece às 8 horas, na Concha Acústica, e é organizada pelo Conselho Municipal de Cultura da Paz (Compaz), a Comissão de Promoção de Igualdade Racial e das Minorias da Subseção da OAB em Londrina e o Grupo de Diálogo Inter Religioso de Londrina (GDI). "Pode até ser um grãozinho de arroz, mas é um evento válido e em razão da diversidade das pessoas que estão participando", avaliou a advogada e coordenadora da comissão da OAB, Maria Lucilda Santos. "Não dá para começar fazendo uma grande passeata, mas tem que ter um evento como esse."
Para Maria Lucilda, a intolerância religiosa nasce da falta de educação e da ignorância da sociedade. "Eu acho que nós estamos com uma carência de educação, no sentido mais básico. Estamos vivendo em uma sociedade que está retrocedendo no quesito educação, você não tem uma cultura, não tem um conhecimento e isso está levando à ignorância, que leva ao acirramento das demandas", afirmou. "Quanto menos conhecimento tem, mais radical é a pessoa na posição que ela toma."
O papel da sociedade organizada, segundo a advogada, é levar esse conhecimento e propor uma reflexão. "Fui criada em religião católica, mas tenho um certo conhecimento do candomblé e, na prática, o que se pratica nas igrejas evangélicas, o ritual deles é muito parecido com o ritual das religiões de matriz africana", exemplificou Maria Lucilda. "Dá a impressão de que é uma luta por rebanho quando a luta deveria ser por uma sociedade melhor, pelo amor."
Professor de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) em Londrina, padre Lino Batista de Oliveira vê a intolerância como fruto de uma sociedade insegura em todos os aspectos – econômico, político, religioso e ético. "Diante desse quadro de pluralidade, as pessoas não preparadas para enfrentar o mundo sentem-se inseguras e essa insegurança precisa ser sanada. Por isso a busca por um modelo de religião que oferece uma rigidez maior, uma disciplina maior, de uma maneira muito impositiva", analisou. "Há estudos que mostram que o islamismo está crescendo no Brasil, nas favelas, na periferia, nas classes mais baixas, onde não há a presença do Estado, onde existe uma total insegurança e não existe lei. O islã vem com uma proposta mais rígida, disciplinadora e as pessoas, em busca de uma segurança, acabam aderindo a um modelo fechado."
Padre Lino faz parte de um grupo de pesquisa formado por oito professores de Teologia da PUC em Londrina que se reuniu para elaborar artigos que serão reunidos em um livro sobre a intolerância religiosa. A saída do caminho da intolerância, propõe o padre, seria reforçar os princípios éticos e os valores. "Quando eu faço a minha pregação buscando uma reflexão mais lógica, eu afasto a intolerância. Quando bato na mesa, grito, falo do diabo, as pessoas agem de outra maneira. Se as religiões se colocarem como contribuintes para que cada um se feche no seu gueto, vamos criar uma sociedade de guetos, com cada um deles se odiando."