Home Desarmamento

Folha de Londrina - Referendo

24/outubro/2005 várias matérias

    REFERENDO - tem vitória esmagadora no País
    Em Londrina, 8 urnas foram substituídas
    Mesários reclamam da alimentação
    Abstenções e justificativas marcam referendo
    REFERENDO - Cidades ficam limpas e silenciosas sem panfletagem
    Paranaenses dizem não ao desarmamento
    Colecionador de armas, Requião vota não
    Paranaenses dizem não ao desarmamento

Curitiba- Os paranaenses disseram não ao fim da comercialização de armas de fogo e munição no Brasil. Com 73,15% dos votos, a opção 'não' ganhou em todas as cidades do Estado, enquanto 26,85% votaram no ''sim''. A apuração teve clima tranquilo e com poucas pessoas no saguão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) muito diferente das eleições convencionais. Às 22 horas os votos de 99,9% das urnas já estavam contabilizados. Curitiba foi a primeira capital do País a ter seus votos totalizados.
Dos 6,94 milhões de eleitores paranaesnes, 3,95 milhões votaram ''não'' e 1,45 milhão votaram ''sim''. O índice de abstenção no Paraná foi de 19,5% dentro da média, segundo o TRE. Já o número de votos brancos e nulos foi pouco mais de 136 mil. Em Curitiba, onde o ''não'' ganhou com 73,1% dos votos, o índice de abstenção foi de 17,8%, também considerado normal pelo TRE. Já os eleitores que anularam ou votaram em branco somou 25,7 mil na Capital. Em Londrina, onde 69,34% dos eleitores decidiram pelo ''não'' e 30,66 pelo ''sim'', houve um índice de 19,32% de abstenção e pouco mais de 8 mil votos brancos ou nulos.
Um dos principais defensores do ''não'' no Paraná, o deputado federal Abelardo Lupion (PFL-PR), afirmou ontem que o resultado do referendo é um recado da população para que o governo federal melhore a segurança pública no País. ''A partir de agora vamos ser pró-ativos e vamos apresentar projetos que obriguem o governo federal a melhorar a segurança pública, como estipular um percentual mínimo de aplicação do orçamento na área. Precisamos melhorar a polícia, resolver a questão prisional e não desarmar a população'', afirmou. Lupion foi uma das lideranças do Paraná na Frente Parlamentar pelo Direito à Legítima Defesa.
Já o deputado estadual Ratinho Júnior (PPS), defensor do ''sim'', lamentou o resultado porque a população, segundo ele, ''perdeu uma oportunidade de mostrar para o mundo que quer paz, o que é ruim para a imagem do País.'' ''A idéia era diminuir o número de mortes por crimes banais. Mas vamos continuar buscando soluções para a segurança pública'', afirmou.
O presidente da ONG Londrina Pazeando, que participou da campanha pelo ''sim'', Luis Cláudio Galhardi, apesar da derrota, viu com otimismo o resultado. ''Muitas pessoas não diziam que iam comprar armas, mas estavam preocupadas em perder um direito. A discussão foi importante e abre portas para outros referendos'', afirmou.
Anndréa Bordinhão
Equipe da Folha
 

Em Londrina, 8 urnas foram substituídas
A votação transcorreu de forma tranquila durante todo o dia em Londrina. Não houve nenhum registro de boca-de-urna ou de prisão registrado pela Polícia Militar. Quanto as urnas eletrônicas, apenas oito apresentaram problemas técnicos e tiveram que ser substituídas. Ao todo, foram usadas 927 urnas em Londrina e 26 em Tamarana.
Segundo Antonio Carlos Inácio, técnico do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) responsável pelas urnas eletrônicas em Londrina, entre as urnas que apresentaram defeitos, três estavam na 41 Zona Eleitoral, duas na 146, uma na 42, uma na 191 e outra na 157 Zona Eleitoral.
De acordo com o técnico, os problemas nas urnas não interferem nos registros dos votos realizados antes da dificuldade ter sido identificada. ''Toda urna possui dois locais onde são gravadas simultaneamente as informações, um interno e outro externo. Quando ocorre algum problema, retiramos a 'flash' externa e colocamos na outra urna, que passa a assumir os registros que estavam na urna com defeito'', comentou.
O tenente Ricardo Eguedis, do 5º Batalhão da Polícia Militar, disse que durante o período da manhã foram registradas sete denúncias sobre estabelecimentos que estariam comercializando bebidas alcoólicas. Mas, segundo ele, as denúncias não foram confirmadas. ''Alguns supermercados mantiveram as bebidas nas prateleiras mas não estavam deixando passar pelo caixa. Além disso, não tivemos mais nenhum tipo de ocorrência'', disse.
Fernanda Borges
Reportagem Local

Mesários reclamam da alimentação
Curitiba - Na Capital foram registrados casos pitorescos ontem. Mesários convocados para trabalhar em um colégio no centro da cidade protestaram contra o kit de alimentação fornecido pela Justiça Eleitoral.
O kit, composto de doces, biscoitos, torradas e sucos, não agradou a esse grupo. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o kit fornecido pela primeira vez foi a alternativa aos tickets para alimentação que eram fornecidos até a eleição passada, em outubro de 2004.
Mesários reclamavam que o ticket não ajudava porque muitos restaurantes não o aceitavam ou estavam fechadas no domingo de referendo. Portanto, o kit, segundo o TRE, foi uma forma de garantir que os mesários não ficassem sem comer.
Também em Curitiba houve falta de mesários, e um homem convocado às pressas em uma seção eleitoral teria simplesmente ignorado a convocação e fugido de moto.
Muitos curitibanos deixaram para votar na última hora, mesmo assim o referendo foi tranquilo. No sábado, não havia clima de véspera de votação na cidade. Nos parques, nos bares, nas calçadas, os assuntos eram outros. Apenas a Boca Maldita, no centro da cidade, tradicional ponto de discussões políticas, não deixava o clima de eleição passar em branco. O tema nos cafés era o referendo.(M.D.)
Maria Duarte
Equipe da Folha
 

Abstenções e justificativas marcam referendo

A julgar pelo comparecimento às urnas ontem em Londrina, as frentes parlamentares tentaram mas não conseguiram convencer os eleitores da importância do referendo popular sobre a continuidade ou não da comercialização de armas e munição no País. Tanto os mesários quanto a coordenação geral da votação no município já previam que cerca de 20% dos eleitores não teriam opinado sobre a pergunta. Às 21h45, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o percentual de abstenção no Paraná era de 19,55%, com 99,9% da urnas apuradas, enquanto em todo Brasil chegava a 21,38%, com 92% da apuração. Em Londrina, o número alto de justificativas exigiu reposição do formulário em algumas seções. Quem não votou ou justificou tem o prazo de 60 dias para dar satisfação à Justiça Eleitoral.
Antes da totalização dos votos, centralizada em Curitiba, o coordenador do Fórum Eleitoral em Londrina e titular da 41 zona eleitoral, juiz Jurandir Reis Júnior, já adiantava que era esperado um número recorde de abstenções e justificativas, podendo superar o registrado na última eleição. De acordo com o juiz, o comparecimento no referendo deveria ficar em torno de 80%, bem parecido ao que aconteceu no segundo turno do pleito para prefeito, em outubro do ano passado, quando 21% dos eleitores se abstiveram de votar. Ele também destacou que muitos eleitores procuraram os 136 locais de votação em Londrina e Tamarana para justificar a ausência. ''Em algumas seções, o número de impresso não foi suficiente e tivemos que fazer novas remessas'', apontou.
Reis Júnior comentou que o baixo comparecimento poderia significar que os 328.625 eleitores locais não foram suficientemente informados sobre a importância de darem sua opinião. ''Acredito que as frentes parlamentares não conseguiram estimular que o eleitor comparecesse para exercer seu voto no referendo'', analisou.
Nos locais de votação, a tranquilidade aparente durante todo o dia já revelava aos mesários que o comparecimento dos eleitores seria menor este ano. Há mais de 15 anos trabalhando em eleições, o secretário de prédio na Escola Municipal Carlos Kraemer (Zona Oeste), Adriano Maricato Ramos, confirmou que as abstenções e a procura pelo formulário de justificativa chamaram atenção. ''Acho que a justificativa é consequência das abstenções porque tem pessoal de fora na cidade'', disse. Na mesma região, no Colégio Estadual Ana Molina Garcia, o secretário de prédio Adriano de Brito Faria observou tendência semelhante. ''Até mesmo eleitor de Londrina que vota em outra região da cidade nos procurou para justificar o voto'', revelou.
É bom lembrar que a Justiça Eleitoral dá um segunda chance somente aos eleitores que não votaram por motivos de trabalho, problemas de saúde ou que estavam fora do País. Estes terão os próximos 60 dias para regularizarem a situação junto aos cartórios eleitorais onde estão registrados. Aqueles que não se encaixarem nas ressalvas acima estarão sujeitos ao pagamento de multa.
Luciano Augusto
Reportagem Local