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Jornal de Londrina, 24 de Novembro de 2004


OPINIÃO
Bom-Dia
Se você acredita que ter uma arma em casa é garantia de segurança, imagine o que faria se seus filhos se matassem com a sua própria arma de proteção?

Um garoto de 14 anos guarda um revólver em sua casa a pedido de um colega de escola. À tarde, enquanto seu irmão menor, de 12 anos, anda de bicicleta em frente à residência, ele pega o revólver e resolve brincar. Mira no irmão que está pedalando e aperta o gatilho. O menino cai da bicicleta com um tiro no meio da testa.
O outro que atirou, em sua inocência, viu o tambor da arma vazio; não imaginava que quando disparasse o mecanismo iria girar e colocar uma bala na agulha. Imagine agora, você que é pai, chegar em casa no final da tarde e encontrar uma cena dessas. 
Essa situação, relatada ontem pelo Jornal de Londrina, ocorreu na última sexta-feira, no Jardim Franciscato (Zona Sul), um dos bairros mais pobres da Cidade, com altos índices de criminalidade, alcoolismo e desemprego. Mas o garoto que atirou e matou o irmão, não tinha envolvimento nenhum com o crime, como a Polícia já comprovou. 
Com uma relação familiar estável, pais que trabalham honestamente, e moram numa casa própria, o que ele pensou fazer foi apenas um favor a um colega de escola. Mesmo assim, acabou sendo engolido pela engrenagem perversa da miséria que reina no local e acaba abreviando a vida de jovens e crianças levados precocemente à marginalidade.
O fato mostra o quanto Londrina – e o Brasil, é claro – necessita urgentemente de políticas de segurança e educação com alto poder de persuasão e mudança. O que não se planta hoje, será impossível colher amanhã.
A iniciativa da ONG Londrina Pazeando e as Polícias Federal e Civil, que criaram esta semana o Comitê Londrinense para o Desarmamento, é uma das raras oportunidades em que nós, cidadãos, que também vivemos acuados pelo medo da violência, podemos fazer algo de prático: entregar as armas que temos em nossas casas.
Em Londrina, a Polícia Federal já recolheu 1.872 armas desde 15 de julho, quando foi lançada a campanha do Governo Federal. A meta, até o próximo dia 23 de dezembro, é tirar das ruas mais 500 armas. 
Se você é daqueles que acredita que ter uma arma em casa é garantia de segurança, imagine o que faria se seus filhos se matassem com a sua “proteção”? Nós podemos fazer muito mais por Londrina e, quando fizermos a nossa parte, teremos ainda mais autoridade para cobrar os responsáveis pela nossa segurança.
 

 

Jornal de Londrina, 09 de Dezembro de 2004 

TudoParaná

Cidade se mobiliza na Campanha de Desarmamento

A Prefeitura de Londrina começa nesta sexta-feira uma propagação da Campanha do Desarmamento. Organizada por um Comitê, a mobilização realizará uma blitz educativa e providenciará o recolhimento de armas.
O Comitê Londrinense para o Desarmamento, criado em novembro deste ano, tem como principal objetivo mobilizar a comunidade por meio da divulgação de informações sobre a campanha. Entre os órgãos que integram o comitê participam membros da Polícia Federal, Polícia Militar, a ONG Londrina Pazeando e a Unidade Social Oficial de Internação de Londrina (Usoil).
Além do Comitê, a participação das secretarias de saúde, da educação e da mulher estão engajadas na difusão da idéia do desarmamento, disponibilizando materiais, carros entre outros auxílios.
A blitz ocorre nesta sexta-feira, a partir das 14h, no centro da cidade. Já a entrega de armas será no sábado. Além da sede da Polícia Federal, a população poderá levar as armas, das 12h às 18h, nos seguintes locais:
Região Norte - Centro Cultural Lupércio Luppi (avenida Saul Elkind, 790)
Região Sul - Igreja Católica Nossa Senhora Aparecida (avenida Guilherme de Almeida, ao lado da escola Osvaldo Cruz)
Região Leste – Centro Comunitário (rua dos Marmelos, 255) e região oeste – Caic José Joffily (rua José Morale, 325).